O indiano Satya Nadella, novo presidente-executivo da Microsoft que assumiu o cargo no mês passado, concederá sua primeira entrevista coletiva nesta quinta-feira (27) e a previsão é que ele parta para a ofensiva com o anúncio – se não o lançamento oficial – da versão do pacote Office (Word, Excel e Powerpoint) para o tablet iPad, da Apple. O objetivo é faturar em um mercado estimado em até US$ 7 bilhões ao ano.
O conjunto de programas já está disponível em modo portátil para iPhone e Android desde junho e julho de 2013, respectivamente, quando a Microsoft lançou o Office Mobile O aplicativo é gratuito para assinantes do Office 365.
A tecnologia por trás dos softwares não é inovadora, mas a estratégia é a seguinte: colocar o Office no centro do esforço da empresa de se tornar líder em serviços através de uma variedade de plataformas – possivelmente em detrimento do Windows e o seu próprio tablet Surface.
Essa vontade de romper com a tradição do Windows, que continua a ser o legado mais duradouro do cofundador da empresa, Bill Gates, tem ajudado a impulsionar as ações da Microsoft a mais de US$ 40, níveis não vistos desde o boom da Internet no ano 2000.
Wall Street agora está cautelosamente otimista sobre uma empresa que ganha bilhões de dólares por ano, mas que corre o risco de obsolescência gradual em uma indústria de tecnologia movida a telefonia móvel.
"O fato de que Nadella vai puxar o gatilho (do Office) mostra que ele não é apenas um funcionário que vai manter o status quo. Agora, é uma folha de papel em branco", disse o analista da FBR Capital Markets, Daniel Ives.
Dependendo do preço que a Microsoft cobrar pelo Office para iPad e das dezenas de milhões de usuários do tablet que o adotarem, a empresa poderia arrecadar algo entre US$ 840 milhões e US$ 6,7 bilhões por ano em receitas, estima o analista do Barclays, Raimo Lenschow.
Rick Sherlund, analista do Nomura, foi mais cauteloso sobre as previsões de resultados. Ele estima que um Office para iPad geraria apenas US$ 1 bilhão ou um pouco mais em novas receitas ao ano, já que muitos usuários em potencial já têm licenças corporativas que podem ser convertidas para o novo produto.
Além disso, não está claro o quanto da receita será entregue à Apple, que geralmente leva cerca de 30% das vendas de aplicativos por meio de sua loja.
Representantes da Microsoft e da Apple se recusaram a comentar o assunto.
Na quinta-feira, Nadella tem na agenda oficial comentários sobre estratégias para mobilidade e computação em nuvem. Mas investidores e analistas da indústria estarão interessados em sinais do novo presidente-executivo sobre seu interesse em levar a Microsoft para uma direção radicalmente diferente.